Depois de anos sendo um pop culture junkie, finalmente resolvi canalizar minhas energias em algo útil (assim, dependendo da sua perspectiva). Esse blog tem, portanto, o objetivo de documentar quem está causando na cultura pop mas não comentando do óbvio e sim antecipando tendências e o que está por vir. E-mail me @ tacausando@gmail.com. Mais sobre a nossa proposta.

terça-feira, 27 de março de 2012

Na telona: Hunger Games e outros sucessos


Hunger Games, conhecido no Brasil como "Jogos Vorazes", primeiro filme baseado na trilogia de best-sellers escrito por Suzanne Collins, estreou essa sexta-feira e, como previsto, quebrou recordes ao arrecadar centenas de milhões de dólares em seu primeiro final de semana. 

A nível mundial, o filme lucrou 250 milhões de dólares, mais da metade disso (155 milhões) apenas nos EUA e no Canadá. Com isso, ele se tornou a melhor estréia no mês de março da história e também o maior final de semana para uma não-seqüencia na história da América do Norte e terceiro no total (atrás apenas de Harry Potter & the Deathly Hollows part 2 e The Dark Knight), superando as aberturas de todos os filmes da saga Crepúsculo. O filme também foi um enorme sucesso de críticas, com 85% dos especialistas elogiando a produção de Gary Ross de acordo com o Rotten Tomatoes. O público também parece ter aprovado, dando um A no Cinemascore (um método de pesquisa que contabiliza a opinião do público, que pode dar de A+ a F-, e, por indicar como será o boca a boca nas semanas subsequentes, tem enorme importância para os estúdios), com o público alvo (garotas adolescentes) dando um A+.

Com mais de 15 milhões de cópias impressas nos EUA até o momento, a trilogia ocupa o topo da lista dos mais vendidos e, com 170 mil unidades, a trilha sonora do filme -- que conta com músicas inéditas de Taylor Swift; Maroon 5; The Civil Wars; Kid Cudi; Miranda Lambert e Arcade Fire, entre outros -- está prevista para estrear no topo da Billboard na semana que vem, sinalizando uma dominação multimídia total por parte da saga.

Jennifer Lawrence, que interpreta a protagonista Katniss, é a it girl do momento. Depois de ser indicada ao Oscar de Melhor Atriz ano passado por Winter Bone, a garota conseguiu o papel mais cobiçado do ano e sua performance está sendo unânimamente elogiada. Jennifer estampa as capas da Glamour americana e britânica e da Seventeen, além da Parade magazine (suplemento distribuído para mais de 30 milhões de pessoas pelo USA Today, o jornal mais lido do país) e estima-se que a garota e os outros atores da saga estejam na capa de mais de 50 revistas mundo afora. Ela ainda tem mais uma franquia lucrativa em produção: a seqüencia de X Men First Class, onde interpreta o papel de Mystique.

Para promover o filme, Jennifer Lawrence, junto com Liam Hemworth e Josh Hutcherson, os galãs da trama, visitaram oito shoppings em diferentes cidades americanas e foram a pré-estréias em NY, Los Angeles, Londres, Paris e Berlim. O burburinho em torno do filme também ajudou o livro a alcançar o topo da lista dos mais vendidos em toda a Europa e também na América Latina (inclusive no Brasil onde "Jogos Vorazes" atrai cada vez mais fãs) e fez as ações da Lionsgate, a companhia por trás do filme, alcançarem números recordes na Bolsa de Valores depois de anos em queda.

Apesar do sucesso sem precedentes de Hunger Games estar ofuscando tudo e todos, o filme não é o unico que tem obtido resultados bastante sólidos. Vamos dar uma olhadinha em alguns outros sucessos:


21 Jump Street. No fim dos anos 80, 21 Jump Street (Anjos da Lei) era o seriado do momento. Responsável por lançar a carreira de Johnny Depp, o programa da Fox contava a história de policiais que resolviam casos se infiltrando em high schools. Duas semanas atrás, uma adaptação cômica, estrelando Seth Rogen e Channing Tattum, estreou nos cinemas americanos e, apesar dessa descrição parecer uma receita para o desastre, o filme foi um enorme sucesso arrecadando 87 milhões de dólares em duas semanas e atraindo criticas majoritariamente positivas. Bônus: o filme tem um cameo de Johnny Depp. O filme estréia no Brasil em maio.

 

The Vow. A Walk to Remember e The Notebook eternizaram o gênero e Dear John e The Last Song fizeram garotas adolescentes em todo o mundo chorarem de emoção. Isso tudo também ajudou Nicholas Sparks, o homem que escreveu todas os melosos livros que deram origem aos filmes citados, a se tornar um dos autores mais ricos do mundo. Porém, cansado de pagar royalties para Sparks, Hollywood resolveu pegar todos os elementos (clichês e overused) de suas histórias; juntar Rachel McAdams (The Notebook) e Channing Tatum (Dear John) e fazer uma história original, The Vow, sobre um casal recém-casado que tem a vida posta de cabeça para baixo quando a moça sofre um acidente de carro que a faz perder a memória, forçando o puro rapaz com quem ela se casou a ter que reconquista-la de novo. Estreando nos EUA no Dia dos Namorados (14 de fevereiro), o filme lucrou mais de 40 milhões de dólares em seu primeiro fim de semana e 166 milhões de dólares no total (em cima de um custo de apenas 30 milhões de produção), apesar das péssimas críticas. Ah, e apesar de Hollywood descobrir que dá para fazer filmes melosos, clichês e trágicos não baseados em livros de Sparks, o autor continua sendo um hot propriety: dia 20 de abril, estréia The Lucky Ones, outro drama romântico e trágico baseado em uma de suas obras com um hunky lead (Zac Efron, no caso).

 

The Lorax. Baseado na obra de Dr. Seuss, um dos autores infantis mais célebres dos EUA, o filme animado The Lorax lucrou 177 milhões de dólares nos EUA e deve ultrapassar os 250 milhões com sua estréia internacional. O filme conta com as vozes de Zac Efron; Taylor Swift (em sua estréia no cinema) e Danny DeVito nos papéis principais e teve uma campanha de marketing pesadíssima que incluiu um spot no Superbowl; integração com a NBC, rede que também pertence ao grupo Universal (distribuidor do filme), incluindo uma promoção com The Voice, atualmente o maior sucesso da emissora e mais de 70 promotional parters incluindo a HP; a rede de restaurantes iHop, a rede de supermercados de comida orgânica Whole Foods; sites infantis como Nick.com, Neopets e Poptronica; The Nature Conservancy; The National Education Association e a loja de departamento Target. O público latino, uma minoria extremamente numerosa nos EUA, também foi targeted com uma pesada campanha que incluiu promoções especiais em conjunto com a Univision e a Telemundo, as duas principais emissoras em espanhol dos EUA. Taylor e Zac ainda gravaram uma série de spots para a ABC Family, rede forte entre garotas adolescentes e Efron visitou Londres, Madrid e Roma para promover o filme.


Casa de mi Padre. Um filme extremamente bizarro, nenhuma surpresa que ele nunca tenha tido uma distribuição grande. Porém, apesar do seu limited release, Casa de Mi Padre foi um sucesso com quase 4 milhões de dólares arrecadados no seu primeiro final de semana e um per screen average bastante alto. A comédia, estrelado por Will Ferrel, deu o que falar por ser totalmente em espanhol (Will Ferrel não é latino); ter um elenco totalmente mexicano (além de Will Ferrel, é claro), liderado por Diego Luna e Gael Garcia Bernal, e ser uma paródia das novelas e filmes de ação mexicanos, com referências extremamente específicas (apesar de tanto o diretor quanto os roteiristas serem caucasianos). Toda essa bizarrice confundiu bastante os críticos mas atraiu um público maior que o esperado. Uma entrevista totalmente em espanhol entre Ferrel e o popular apresentador de talkshow Jimmy Kimmel também ajudou a causar burburinho.


 
October Baby. Com um per screen average de 6 mil dólares e 2 milhões de dólares arrecadados em um único final de semana, apesar de ser um lançamento extremamente limitado, October Baby foi outro sucesso de nicho nos EUA.  Porém, o nicho é bastante diferente da comédia de Will Ferrel: evangélicos conservadores. O filme anti-aborto, promovido pesadamente por grupos cristãos e pela reacionaria American Family Association, fez bonito nas regiões mais conservadoras dos EUA (Texas; Alabama; Mississipi; Carolina do Norte e Georgia) apesar de ter sido ignorado nas regiões menos, digamos, atrasadas (apenas 9 cinemas de Nova York exibiram o filme, em comparação com 32 no Texas e 28 na Carolina do Norte. Na Califórnia, o filme foi exibido em 26 cinemas, mas apenas dois em Los Angeles e em nenhum em São Francisco). De qualquer maneira, o drama cristão se mostrou extremamente rentavel.

Por outro lado, já tivemos um grande fracasso: John Carter. O filme de ação da Disney, estrelado por Taylor Kitsch, teve uma campanha milionária, incluindo spots no Super Bowl, e custou 250 milhões de dólares para produzir. Porém, o filme nem sequer cruzará a barreira dos 100 milhões domesticamente e, nem com a arrecadação internacional (230 milhões no total), conseguirá cobrir seus gastos. 

É óbvio que o ano mal começou e os maiores blockbusters do ano ainda estão para estrear. Entre os sucessos óbvios temos The Avengers, que juntará todas as propriedades fodonas da Marvel (Iron Man; Hulk; Capitain America; Thor, etc); The Dark Knight Rises, o terceiro filme do Batman; Brave, a nova animação da Pixar (a primeira com uma garota como protagonista) e Battleship, baseado no jogo Batalha Naval e que é a grande aposta para ser o sucessor de Transformers  e tem um elenco forte liderado por Taylor Kitcsh, Liam Neeson e Rihanna, na sua estréia cinematográfica. Espera-se que todos esses ultrapassem os 500 milhões de dólares internacionalmente.

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