Depois de anos sendo um pop culture junkie, finalmente resolvi canalizar minhas energias em algo útil (assim, dependendo da sua perspectiva). Esse blog tem, portanto, o objetivo de documentar quem está causando na cultura pop mas não comentando do óbvio e sim antecipando tendências e o que está por vir. E-mail me @ tacausando@gmail.com. Mais sobre a nossa proposta.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A vitória da underdog



Apesar de não ter a cobertura midiatica de muitas de suas rivais, P!nk é uma das cantoras pop mais solidas e bem-sucedidas do mundo. Suas turnês tem lotação máxima (não a toa, ela headlined uma turnê por estádios europeus ao longo do ano passado) e seus CDs vendem extremamente bem (com três lançamentos ultrapassando 1 milhão de cópias, Missundaztood, I'm Not Dead e Funhouse, P!nk vende mais CDs na Grã-Bretanha que Britney Spears, por exemplo. Isso se repete na maior parte da Europa). Além disso, com seus truques acrobáticos, P!nk sempre rouba o holofote em todas as premiações que se apresenta (apesar de Kanye e Taylor Swift terem ofuscado sua apresentação de Sober nos VMAs de 2009, sua performance de Glitter in the Air nos Grammy's do ano seguinte foi o momento mais aplaudido da noite e, apesar de não ter sido indicada aos prêmios principais, seu álbum registrou um notável aumento de vendas na semana seguinte ao evento).


P!nk tem uma voz extremamente potente e uma imagem muito mais edgy que suas rivais (não a toa, ela em geral se identifica como a "outsider" do mundo pop, cantando "Tired of being compared/To damn Britney Spears/She's so pretty/That just ain't me" no seu hit de 2002 Don't Let Me Get Me e zombando as estrelas ultra sexuais no clipe de Stupid Girls). Um tema constante em suas letras são insegurança e o sentimento de não pertencimento. Esse tipo de música reflexiva é um forte vendedor como provado não só por P!nk (afinal, Missundaztood, o seu segundo CD que a transformou numa estrela global é um dos maiores exemplos desse sub-gênero do pop) mas também por Christina Aguilera (Stripped, também seu segundo álbum, que a consolidou como um ícone pop e vendeu 14 milhões de cópias mundo afora. Curiosamente, o CD saiu no mesmo ano que Stripped e ambas as interpretes trabalharam com muitos dos mesmos produtores. Dizem que a rivalidade entre as duas se originou nessa época), Alanis Morisette (Jagged Little Pill, de 1996, um dos CDs mais vendidos de toda a historia) e Avril Lavigne (seus dois primeiros CDs, Let Go e Under My Skin, a transformarem um fenômeno global no começo dos anos 2000).



Mas, apesar de P!nk ser frequentemente ofuscada por Beyonces, Gagas e Britneys, existe um lugar onde a cantora reina solo: a Austrália. Por algum motivo, o país oceânico abraçou a cantora de maneira inédita e a transformou, e isso não é uma hiperbole, numa das artistas mais bem-sucedidas na história do país.

Antes de achar seu nicho (músicas pop com letras irreverentes e auto-reflexivas), P!nk foi vendida como uma artista pop com uma pegada R&B. Seu primeiro CD, Can't Take Me Home, originou três singles de sucesso (Most Girl, There You Go e You Make Me Sick) e vendeu mais de 2 milhões de cópias nos EUA. Ele também foi acreditado platina na Grã-Bretanha e duas vezes platina no Canadá e na Austrália.

No ano seguinte, com Missundaztood, CD que lançava sua imagem de garota rebelde e outcast do pop, P!nk virou um enorme sucesso global: as vendas ultrapassaram 12 milhões de cópias em todo mundo, 5.5 milhões dela nos EUA (5 x Platina) e 1.8 milhões (5 x Platina) no Reino Unido. Na Austrália, o CD também foi um grande sucesso, sendo certificado 4 vezes platina.


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No fim de 2003, P!nk lançou seu terceiro álbum. Com Try This, estava claro que a imagem da cantora estava ficando desgastada e muitos apostavam que ela iria despontar para a irrelevância. Com cerca de 3 milhões de cópias vendidas em todo o mundo, o álbum não alcançou o sucesso de seu antecessor e os resultados desapontaram a gravadora.



Em 2006, P!nk retornou com I'm Not Dead. No primeiro single, Stupid Girls, P!nk criticava fortemente a atual leva de estrelas do sexo feminino (na época em que Paris Hilton reinava na capa de todas as revistas de celebridade): hiper sexualizadas e orgulhosas de sua própria burrice. Com um vídeo irreverente que parodiava essas estrelas e garotas que aspiravam esse tipo de fama, a música causou enorme repercussão, sendo inclusive tema de um episódio do programa da rainha da televisão americana Oprah. Apesar disso, a música não conseguiu alcançar o top 10, tendo que se contentar com o 14o lugar (o que já era animador, levando em conta que P!nk não alcançava o top 20 fazia quatro anos). Na Austrália e no Reino Unido, a música teve mais sucesso, alcançando o top 5 em ambos os países.

Depois do resultado morno do single, o CD, I'm Not Dead, também no empolgou muito nos Estados Unidos, estreando em sexto lugar e rapidamente caindo das paradas.

Na Europa e na Austrália, porém, a história era diferente: o segundo single, Who Knew, virou um gigantesco smash nessas regiões, alcançando o segundo lugar na Austrália e o quinto lugar na Grã-Bretanha. Mas mais importante que isso: ele manteve o CD nas paradas de venda.


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O terceiro single, U+Ur Hand, foi outro grande sucesso, alcançando o décimo lugar no UK e o quinto na Australia. Mas, mais impressionante que isso: ele alcançou o nono lugar nos EUA, o primeiro top 10 de P!nk desde 2002, dando nova vida ao CD. O sucesso de U+Ur Hand foi tanto que também causou um aumento de interesse em Who Knew? que também alcançou a nona posição nos EUA.

Enquanto o sucesso nos EUA, onde o CD acabou vendendo 1.5 milhões de cópias, era animador, a maior parte das vendas vinham da Europa e da Austrália.onde as vendas excediam as expectátivas até dos mais otimistas. No fim de sua trajetória, o CD tinha vendido 3 milhões de cópias no Velho Continente, 1.2 milhões proveniente do Reino Unido (4 x Platina) e outro milhão vindo da Alemanha.

Mas o mais impressionante foi o sucesso na Austrália: dos 7 singles lançados do CD, cinco deles alcançaram o top 5 (Stupid Girls, 4; Who Knew, 2; U+Ur Hand, 5; Dear Mr. President, 5; Leave Me Alone, 5). Num país com uma população extremamente pequena, o CD vendeu 800 mil cópias e foi certificado 11xPlatina, ultrapassando -- por MUITO -- as vendas de Missundaztood, o seu CD mais bem-sucedido (que foi lançado na época de ouro da indústria fonográfica). A turnê que acompanhou o álbum vendeu 300 mil ingressos, transformando a turnê na mais bem-sucedida turnê feita por uma cantora solo na história do país. O álbum teve vendas extremamente estáveis e foi o segundo CD mais vendido no país no ano de 2006 e também no ano de 2007 e o terceiro CD mais vendido na Austrália na primeira decada de 2000.



Depois de um CD de enorme sucesso, é comum artistas pop sofrerem uma queda. A própria P!nk é um exemplo disso, com o seu terceiro álbum, Try This, sendo um retumbante fracasso em comparação ao seu antecessor, Missundaztood.

Mas Funhouse, o quinto CD de P!nk, conseguiu novamente o que ninguém esperva: ultrapassar as vendas do álbum anterior.

Com So What?, o primeiro single de seu novo material, a interprete conseguiu algo inédito na sua carreira até então: uma música que alcançou o topo tanto na Grã-Bretanha quanto na Austrália e nos EUA. Alias, So What? foi o primeiro chart-topper de P!nk no seu país de origem (o mais perto que ela tinha conseguido chegar foi o quarto lugar, com Most Girls, do seu primeiro CD, e Get the Party Started, do seu segundo).


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Em dois anos, o CD vendeu 2 milhões de cópias nos EUA e 3 milhões na Europa, com 1.2 milhões vindo do Reino Unido (o terceiro CD de P!nk a alcançar o casa do milhão no país). A turnê, uma grande produção com terma cirquense onde P!nk mostrou suas habilidades como equilibrista e trapezista, lucrou 102 milhões de dólares e vendeu 2 milhões de ingressos. A demanda por ingressos foi tanta que, no ano seguinte, a cantora fez uma discreta turnê por estádios europeus, talvez testando as águas para uma full-blown promoção de arenas para estádios para sua próxima série de shows.

De novo, os melhores resultados vieram da Austrália: assim como seu antecessor, o CD alcançou 11 x Platina mas as vendas ultrapassaram I'm not Dead, fazendo de Funhouse o segundo álbum mais vendido da primeira decada de 2000 no país (a título de curiosidade: o primeiro lugar foi para Innocent Eyes de Delta Goodrem. Em 2003, a garota, na época com 17 anos, conquistou o país com seus cabelos louros e baladas românticas. Diferente de P!nk, porém, o sucesso durou pouco: o segundo CD não aparece nem entre os 50 mais vendidos da decada). Com dois CDs em segundo e terceiro lugar, P!nk é a unica artista a ter dois CDs no top 20 da década.

Além disso, com o Funhouse Tour, P!nk vendeu mais de 660 mil ingressos na Austrália, cujo lucro final foi de mais de 60 milhões de dólares. Com isso, a turnê foi a mais bem sucedida da história do país. O DVD do show, que registrou um dos 12 shows da cantora em Sidney, vendeu mais de 400 mil cópias e é o DVD musical mais vendido de todos os tempos no país (o Live from Wembley Arena, que registra o show da turnê de Stupid Girls em Londres, é o terceiro mais vendido enquanto o Live from Europe, a gravação do show da turnê de Try This, é o quinto).

Para comemorar 10 anos de carreira, P!nk lançou, em novembro de 2010, sua primeira coletânea de sucessos. Greatest Hits... So Far! foi lançado ao mesmo tempo que P!nk anunciava sua primeira gravidez. Por isso, o CD recebeu promoção minima: um vídeo para Raise Your Glasses, uma das duas músicas inéditas contidas no CD, e duas performances: uma no American Music Awards, outra no talk show da Ellen DeGeneres. Apesar do pouco esforço de P!nk para promovê-la, a música se transformou no segundo número 1 da carreira da P!nk nos EUA. Não surpreendentemente, a música também alcançou o primeiro lugar na Austrália.


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P!nk sempre deixou claro que se sentia como uma "intrusa" no mundo pop (algo que me soa estranho uma vez que ela é loira, com um corpo extremamente em forma e traços perfeitos). Então, depois de 10 anos de sucesso, nada mais cabível que uma homenagem a todos os underdogs do mundo como o lead single de sua primeira coletânea de sucessos. Em Raise Your Glasses, P!nk canta "So raise your glasses if you are wrong/In all the right ways/All my underdogs/And we will never be, never be/Anything but loud/And nitty, gritty dirty little freaks".

Apesar de ter sido lançado faltando apenas 6 semanas para o fim do ano, Greatest Hits...So Far! foi coroado como o álbum mais vendido da Austrália em 2010, sendo certificado 4x Platina.



Não existe Britney ou Gaga que cheguem a altura de Alecia Moore (o nome real de P!nk) no país oceânico. E, apesar de ser frequentemente ofuscada no resto do mundo, P!nk mostra sua força ano após ano nas áreas que realmente importam: venda de CDs e de ingressos para shows.

2 comentários:

  1. Excelente artigo! Realmente a P!nk ainda é ofuscada(principalmente no Brasil, infelizmente), mas mesmo assim demonstra talento e qualidade inigualavel no mundo pop. Com certeza não é uma artista de temporada...

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  2. infelizmente ela é ofuscada, a proprio jovem pan se recusou de tocar raise your glass com a seginte desculpa por que a musica tinha palavrões!! aff se a propria midia faz isso não sei com ela consegui chegar onde está? Acho só o falto de ela nadar contra a maré já é um motivo de tentarem apaga-la.

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