O texto a seguir é uma tradução da reportagem da capa da Hollywood Reporter, escrito por Leslie Bruce e traduzido por mim.
The Guilt and Glory of the Housewives: a Culpa e a Glória das Housewives
Um inside look no gigantesco franchise da Bravo, Real Hosewives, um business enorme que tem como base barracos, controvérsia e o sempre presente comportamento bem pouco exemplar da classe econômica que rima com "bitch".
Nene Leakes (Atlanta); Ramona Singer (New York); Kyle Richards (Beverly Hills); Vicki Gunvalso (Orange County); Carolina Manzo (New Jersey) |
"Alguém aceita uma taça de vinho?", pergunta Ramina Singer, a estrela diminuta, loira e histérica de The Real Housewives of New York.
É hora do
almoço e a senhora de 54 anos, maníaca por Pinot Grigio e conhecida pelo
seu comportamento excêntrico na telinha e sua falta de papas na língua,
está atuando (por livre e espontânea vontade) como a bartender on set durante a sessão de fotos que estampa essa publicação. Vestida num apertadíssimo
traje de cetim azul, ela samba pelo estúdio, entrando e saindo dos
camarins, oferecendo para qualquer um que passasse uma amostra de
"Ramona", o selo que lançou em 2010.
"Custa a
metade do que o Santa Margherita Pinot Grigio e o gosto é melhor", ela
diz das seis garrafas que sua assistente carrega, antes de completar,
"pelo menos foi a conclusão dos testes cegos!". A Real Housewive of
Atlanta NeNe Leakes (ela própria dona de sua recém lançada marca de
vinhos) sufoca uma risadinha antes de voltar sua atenção para assuntos
mais importantes - como escolher o Christian Loubotin correto da coleção
que sua assistente está tirando de uma mala Louis Vuitton de rodinhas.
"Eu optei
por uma estética muito clássica, para que ele não precise depender do
programa", continua Singer, enchendo uma taça para um assessor de
imprensa da Bravo que aceita relutantemente antes de oferecer um gole
para Carolina Manzo (New Jersey) e Vicki Gunvalson (Orange County).
Ambas recusam, sem nem sequer tirarem os olhos de seus celulares.
Kyle Richards (Beverly Hills) interrompe a descrição que está fazendo de seu novo livro (Kyle Richards: Life Is Not a Reality Show)
para encarar espantada Singer, que passa as mãos pelo seu cabelo e
desfila por um mar de mais de 25 profissionais, entre estilistas,
assistentes e esteticistas, deixando um rastro de taças de vinho
plásticas semi-vazias.
A cena é um coquetel de engraçado misturado com constrangimento e uma leve pitada de desastre no topo.
Mas sério, o
que é que você esperava? Classe? Pompa? Suntuosidade? Não foi imitando
Gracy Kelly que Singer e suas companheiras tingidas, clareadas,
botexadas e plastificadas ajudaram o canal Bravo a criar a sua franquia
de maior sucesso - avaliado por um insider como valendo mais de meio bilhão de dólares. Ocasionalmente desbocadas, freqüentemente barraqueiras e sempre se auto-promovendo, as mulheres da série original (The Real Housewives of Orange County)
e suas seis subseqüentes reencarnações (New York, Atlanta, New Jersey,
D.C., Miami e Beverly Hills) dominam os papos de barzinho e de sociais,
tanto as reais quanto as virtuais, por demonstrar o pior do
comportamento feminino.
As pioneiras: a trupe de Orange County |
Sim, essas
mulheres são ricas (ou pelo menos se dão ao luxo de gastar e perder mais
dinheiro do que a maior parte das pessoas conseguiram durante toda sua
vida). E, apesar disso, esse franchise virou a distração perfeita para telespectadores na era do Occupy Anything. É o tipo de trainwreck television que os americanos, com todas as desgraças acontecendo ao seu redor,
provavelmente não deveriam estar assistindo. Mas, em qualquer dia da
semana, pelo menos 2 milhões deles -- a maioria, mulheres entre 18 e 49
anos -- estão grudados a uma versão ou outra dessa telenovela melodramática multifacetada, prontas para se envolver, gritar, culpar
e lamentar o tipo de comportamento que deixou até a Oprah horrorizada.
"Minha boca estava literalmente aberta", ela disse ano passado sobre
assistir Housewives. "Eu pensei, 'É isso que está no ar na televisão?!'".
Para cada
crítico e guardião cultural chocado pelas Housewives, existem milhões
que as amam. A estréia da nova temporada de Atlanta, no dia 6 de
novembro, atraiu 3 milhões de espectadores, a estréia mais assistida da
franquia até o momento. (Em contraste, a estréia da quarta temporada de
Breaking Bad, a ficção queridinha dos críticos exibido pela AMC, atraiu
1.9 milhão). De acordo com Larry Fried, diretor da SQAD, a Bravo lucrou
entre $35.6 milhões e $162 milhões apenas nos últimos dois anos com a
venda dos intervalos de Housewives.
"Quem
imaginaria que um programa tão modesto estaria vivo seis anos depois
como a nossa franquia mais duradoura", diz Lauren Zalaznick, presidente
da empresa pai da Bravo, NBCUniversal Entertainment & Digital
Network & Integrated Media. "É mais do que incrível, é absurdo".
Com formatos internacionais das Housewives já no ar na Grécia e Israel, e com um spinoff ambientado
em Vancouver previsto para maio, a NBCUniversal afirma que a versão
francesa está em processo de audições (o mercado é de extrema
importância pelo seu alcance amplo e o potencial para o aumento das
receitas comerciais) e versões ambientadas na Gold Coast australiana; na
Ásia (Indonésia, Singapura e Hong Kong) e no Reino Unido já estão em
desenvolvimento. Se a expansão internacional for bem sucedida, o império
de meio bilhão de dólares da Bravo poderá acabar valendo muito mais.
"O público quer assistir garotas ricas se comportando mal", explica Lisa Ong, presidente da empresa de brand strategy Truth
Consulting. "A franquia começou como uma versão real de Lifestyle of the
Rich and Famous mas virou uma análise cultural depois do breakdown econômico.
Cada cidade virou um experimento sociológico, uma reflexão em tempo
real do que está acontecendo com aquele 1 por cento".
Mas
drama, não antropologia, é o que mantém a franquia viva. Fora das telas,
é difícil lidar com alguns tópicos que as estrelas do programa se
envolvem: o assassinato de Ashley Jewel, ex-noivo da Real Housewive of
Atlanta Kandi Buruss, morto na frente de um strip club em outubro
de 2009; as estrelas da versão D.C. Michaele e Tareq Salehi entrando de penetra num jantar da Casa Branca um mês depois; a ida para rehab de Kim Richards, de Beverly Hillls, em dezembro --
e, mais tenso de tudo, o suicídio de Russel Armstrong, marido da
Housewive de Beverly Hills Taylor que era frequentemente mostrado na TV
como um businessman frio e muito pouco amoroso.
Tanto Bravo quanto as
Housewives foram bastante criticados nos dias que sucederam a morte de
Armstrong, com muitos defendendo que a segunda temporada do programa, que já estava gravada, editada e pronta para ir ao ar,
deveria ser cancelada. Mas o rating da estréia no dia 5 de
setembro, menos de um mês depois do suicídio, registrarou um aumento de
42% em relação ao primeiro episódio da primeira temporada. (A morte de
Armstrong foi tratada apenas em um segmento especial durante o primeiro
episódio).
Mal gosto? Talvez. Mas, tendo em vista o tema central do programa, isso não é exatamente um choque.
Apesar
das controvérsias (ou talvez, graças a elas), Housewives continua seu
crescimento no mundo frenético e competitivo da reality TV, onde até o powerhouse Jersey
Shore está mostrando sinais de enfraquecimento (a audiência caiu 13% , passando para 7 milhões de telespectadores no final da quarta temporada).
Parte do sucesso de Housewives se
deve a falta de escrúpulo na hora de substituir suas estrelas. Demandas
de divas e pedidos de aumento são muitas vezes motivos para demissões, e
até alguma das estrelas mais populares foram cortadas sem dó nem
piedade -- como foi o caso de Jill Zarin, cujo contrato não foi renovado
no fim da quarta temporada de New York.
Apesar disso, a Bravo oferece cada Housewive uma oportunidade ímpar de
desenvolver sua própria marca. Quando soma-se tudo, as Housewives já publicaram
mais de quinze livros; têm linhas de produtos que vão de maquiagem e
joalheria até brinquedos sexuais e álcool; tem uma média de bem mais de
100 mil seguidores no Twitter (NeNe, de Atlanta, tem 600 mil) e recebem
um salário de seis dígitos por cada temporada (o elenco de Nova York
receberá 250 mil pela quinta temporada) -- não dinheiro de artistas de
primeiro escalão mas uma quantidade bastante decente levando em conta o
quão limitado é o talento das mulheres.
Já a
Bravo se beneficiou ainda mais. Com ajuda de sua outra franquia monstra, o
premiado Top Chef, o lucro do canal teve um aumento de 122% desde 2006, de 135
milhões de dólares para mais de 300 milhões de acordo com o SNL Kagan. E
a rede fez isso sem depender de nenhum produtor para sustentar sua
galinha dos ovos de ouro -- diferente de, por exemplo, Chuck Lorre e Two
and Half Men e Ryan Seacrest e Keeping Up with the Kardashians. Ao
invés disso, ela distribuiu a responsabilidade para seis produtoras
diferentes (a Evolution Media é a unica que gerência mais de uma: Orange
County e Beverly Hills). "Esse é provavelmente a unica franquia no
mundo que não é produzida pela mesma produtora", afirma Zalaznick.
Porém, a franquia começou com apenas um produtor: Scott Dunlap.
Era 1997 e Dunlap estava de saco cheio. O bem sucedido branding consultant estava num jantar de amigos no afluente condomínio Coto de Caza em
Orange County. "Você sabe como é", relembra o confiante e parrudo homem
de 49 anos, num restaurante em Irvine. "Todo mundo estava sentado em
volta da mesa, as mulheres todas cheias de jóias, falando sobre as
férias da família na Toscana e fingindo que a vida delas era perfeita".
A trupe de Atlanta |
Ele
estava farto e não resistiu. "Vocês vão todos morrer no fim!", ele
gritou. Mas, quanto mais ele pensava nessas pessoas, mais fascinado ficava com eles. E, por isso, teve a idéia de criar um filme curto e
irreverente que refletiria como era a vida nesse tipo de condômino rico e
fechado que ele conhecia tão bem - mas com um twist: "eu quero que ele seja focado em vocês", ele disse aos seus amigos.
O
curta acabou nunca sendo feito. Mas foi a gêneses da idéia que, uma
década mais tarde, se tornaria um fenômeno da cultura pop, depois de uma
batalha de oito anos e infinitas rejeição que finalmente, em 2005,
levaram Dunlap até Frances Berwick, presidenta da Bravo, que resolveu apostar em The Real Housewives of Orange County.
A executiva estava em ascensão graças a um enorme rebranding que ela comandou na rede. Tendo obtido sucesso com sua série de makeover Queer Eye for the Straight Guy, a Bravo agora queria montar uma programação baseada nos cinco pilares que guiavam o primeiro hit da emissora: comida, moda, design, lifestyle e
cultura pop. Depois de muita discussão, Berwick deu a Dunlap a licença
para produzir o programa, nomeando-o como produtor executivo. "Era uma
coisa arriscada a se fazer", ele admite com um sorriso. "Será que eu
teria apostado em mim como um produtor televisivo se eu fosse a
emissora? Provavelmente não".
Mas o
programa que ele acabou fazendo teve um resultado bem diferente do que
Berwick tinha imaginado. Com 90% de Orange County filmado antes da Bravo
ter aprovado qualquer coisa, a executiva quase teve um ataque cardíaco
quando ela viu uma versão não finalizada do programa, quase desistindo
completamente do projeto.
"Nós queriamos algo muito autêntico e eles foram por um caminho mais mockumentary, no estilo de Curb Your Enthusiasm",
ela relembra. "A gente teve que fazer uma enorme revisão, chegando num
ponto onde tinhamos que decidir se a gente simplesmente jogava tudo fora
ou investia ainda mais dinheiro".
Ela
optou por não desistir. Depois de refilmar os primeiros episódios e um
processo de edição "inacreditavelmente longo", o programa finalmente
entrou no ar com pouquíssimas expectativas.
Andy Cohen e as Real Housewives of Beverly Hills |
"Era um experimento", afirma um insider.
"Eles não estavam planejando essa franquia gigantesca; a rede estava
apenas tentando mostrar um estilo de vida. No começo, não foi investido
muito dinheiro para promoção nem nada assim".
Daí,
algo inesperado aconteceu: o programa deu certo. E não só com os
espectadores em geral -- com a audiência jovem que o canal estava
ansioso para cultivar. Enquanto a primeira temporada de Orange County,
em 2006, teve uma média de 646 mil telespectadores, a rede viu um
aumento de 47% entre o público de 18 a 49 anos.
Rapidamente, a Bravo deu prioridade para a segunda temporada e resolveu contratar um produtor de reality veterano, Doug Ross (Hipertensão; Big Brother),
um jogada que marginalizou o papel de Dunlap, o deixando rico, com um
crédito de "criador" no começo de cada episódio, mas o excluindo quase que totalmente da franquia (apesar dele ter mantido seu crédito como produtor
executivo na Orange County).
Dunlap
-- não muito convincentemente -- afirma não guardar nenhum rancor com a
emissora que efetivamente o demitiu. "Meu contrato é bom",
ele diz, olhando sua sopa pensativo. "Eu estou feliz".
"Scott
fez um ótimo trabalho identificando integrantes do elenco fantásticos",
diz Ross, "mas a emissora achou que, com a ajuda dos realmente
entendidos, as coisas podiam crescer ainda mais".
Enquanto
a segunda temporada começava a ser filmada, Bravo decidiu renomear
Manhattan Moms -- outra série que estava sendo gravando sobre mulheres
nova-iorquinas ricas tentando colocar seus filhos dentro do mundo ultra
competitivo das escolas particulares da cidade -- com o selo das
Housewives. "Lauren Zalaznick ligou e disse, 'eu estou realmente
pensando em transformar isso numa franquia", diz Jennifer O'Connel, VP
executiva da Shed Media.
"Ela me perguntou o que eu achava de renomear o show de The Real Housewives of New York City".
Muitas
das Mães já estavam filmando quando a decisão foi tomada e o elenco não
descobriu sobre a mudança de título até a hora de fotografar as
primeiras fotos de publicidade. "Nós fomos dar uma olhada no artwork no
computador e dizia 'Real Housewives of New York City'", relembra Zarin.
"Para ser sincero, acho que todas ficamos meio decepcionados no
primeiro momento".
Logo
depois, a produtora True Media propôs a Bravo um programa similar,
baseado em Atlanta enquanto a emissora incumbiu a Sirens Media de
produzir a versão de New Jersey -- e, como num passo de mágica, uma franquia tinha nascido. New York estreou em março de 2008 e Atlanta em outubro.
Enquanto as novelas diurnas saiam de moda e a geração de 90210 crescia e
se transformava em maridos e mulheres, pais e mãos, o canal Bravo tinha
descoberto o novo guilty pleasyre televisivo: um veículo que
mostrava a vida de um grupo seleto de mulheres mimadas e constantemente
imperfeitas cuja unica real distição era a cidade em que elas viviam -- e
sua capacidade infalível para se comportar mal.
Com o
lançamento de New Jersey em 2009, a franquia foi além da audiência chave
de mulheres jovens, trazendo homens e espectadores mais velhos. O
programa alcançou o ápice quando 3.8 milhões de espectadores
sintonizaram no especial de reunião pós segunda temporada em 2010.
A
audiência jovem e antenada se manteve fiel, mesmo com o aumento no
número de programas cópias como Basketball Wives na VH1 e The A-List no
Logo. Parte disso se atribui ao processo exaustivo de casting da
Bravo e também a quantidade considerável de dinheiro que é investido.
"Bravo apoia muito a produção financeiramente", diz Ross. "Todo mundo
quer copiar a mágica, mas muitos dos imitadores tem um ar mais barato e
dá para sentir que é roterizado".
Mas Housewives é
um pouco roteirizado também, não? Peggy Tanous, de Orange County,
certamente acha que sim: "nós começamos a nos encontrar com produtores
para discutir enredos", ela confessa, mantendo que isso foi o que a fez
decidir sair da série. "Eu comecei a ficar ansiosa pensando em todo o
drama forçado que ocasionalmente acontecia". Ross admite que as
Housewives são frequentemente incentivadas a organizar eventos (lê-se: sessões de grupo ou festas de aniversário de 50 mil dólares para as crianças) mas é decisivo na hora de negar qualquer staging: "o público vai perceber então não vale o esforço".
As Housewives original de Nova York |
"Honestamente,
as vezes eu gostaria que elas fizessem o que eu digo para elas
fazerem", acrescenta O'Connel da Shed Media. "Eu super queria ter esse
poder sobre elas. Mas no fim, são as Housewives que dirigem o trem".
Uma dessas mulheres é Ramona Singer. A reality celebrity -- que cresceu como a mais velha entre quatro irmãos numa família tumultuosa do upstate nova iorquino antes de se tornar uma fashion buyer para
a Macy's -- inicialmente relutou a aceitar fazer parte da série quando
ela foi convidade pela Shed. Descoberta através uma de suas co-stars,
Jill Zarin, Singer era dona de sua própria linha de jóias, True Faith,
com seu marido com quem estava casada faz 20 anos, Mario, e ambos estavam ocupados criando sua
única filha, Avery, agora com 16.
"Com
39 anos, eu já tinha 1 milhão de dólares em dinheiro no banco," ostenta
Singer enquanto pega a garrafa mais próxima de Ramona. Já são 15h30 e
a estrela já tirou seu vestido e agora está com roupa mais casual: um
vestido de malha e algumas jóias da True Faith (cujo nome ela faz
questão de mencionar diversas vezes). "Eu disse, 'sinto muito, mas não, muito
obrigado. Eu não tenho tempo e eu não tenho nenhum interesse em ser
famosa".
A
reconhecendo como um personagem forte, a produtora não desistiu e mirou
no ego da moça, afirmando que seria uma plataforma incrível para promover os seus
negócios. Singer rapidamente mudou de idéia, vendo os dollar signs em
potencial, e assinou o contrato em 2008. Desde então, ela é uma das
membras icônicas do programa. Sua história é um ótimo exemplo do tipo de
casting que fez cinco das sete séries retumbantes sucessos
(Miami lançou com apenas 1.21 milhão de espectadores e não está claro se
vai ser renovado; as mulheres de D.C. foram muito criticadas e a versão
foi prontamente cancelado).
As
Housewives mais bem sucedidas deixam o seu auto-respeito na porta. O
quanto mais extravagantes e divisivas elas se comportarem, maior o airtime -- e maior ainda o following que elas atraem.
Isso
foi o que Teresa Guidice, de New Jersey, descobriu. Quando uma festa da
primeira temporada culminou nela virando a mesa de jantar num ataque de
raiva, a moça de 39 anos, que se auto proclama uma típica "Jersey Girl", se transformou a estrela da série. Em episódios subsequentes, Guidice foi sincera sobre
não ter dinheiro para reformar sua mansão em Towaco, N.J. depois de
declarar falência durante a exibição do programa (no primeiro episódio
do programa, ela gastou 10 mil dólares em dinheiro numa loja de móveis).
O seu marido abriu uma pizzaria local mas ela virou o ganha pão da
família, graças aos seus paychecks do Housewives; seus dois livros de receita, Skinny Italian e Fabulicious e deals com revistas semanais (um insider afirma
que ela recebe aproximadamente 20 mil dólares por sessão; desde maio de
2011, ela apareceu sete vezes na capa do tablóide InTouch Weekly).
Por sua vez, Frankel continua sendo o Midas do mundo do reality: seu livro de estréia, Naturally Thin,
virou um New York Times best-seller com mais de 200 mil unidades
vendidas e, em 2011, ela vendeu sua linha de coquetéis Skinnygirl para a
Beam Global por modestos 120 milhões de dólares.
Singer sonha em seguir os passos de Bethenny, possivelmente desenvolvendo seu
próprio programa, um sonho realizado apenas por Frankel e mais uma
Housewive, Kim Zolciak (Atlanta), cada uma com seu próprio spinoff na
Bravo. "Eu já estou pensando no futuro", Singer diz. "Inicialmente, eu
queria fazer algo como o [publicitário e apresentador de TV] Donnie
Deutsch e ir eu mesma visitar as companhias para pedir ajuda. Eu não
posso ficar sentada no sofá". De repente, sua mente dá um salto para
outro direção: "Alguém me disse uma vez, "eu não acredito que minha
esposa quer se divorciar". E eu perguntei, "bem, qual foi a ultima vez
que vocês transaram?' e ele diz, 'faz um ano'. Eu gritei "Você não faz
sexo faz um maldito ano?! O que você acha que ia acontecer".
Finalmente
dando uma pausa para respirar, ela encara a parede enquanto sua mente
divaga, possivelmente considerando um programa de auto-ajuda. Sim, é isso
mesmo que ela quer. Ela sorri e dá mais um gole do seu Pinot Grigio. "É
isso que eu gostaria de fazer no futuro".
Como tantas mulheres housewives,
o homem mais importante da franquia, Andy Cohen, o executivo da Bravo
que apresenta todos os programas de reunião, também saiu ganhando com o
sucessos dos programas, lançando seu próprio programa de TV.
Parecendo
que ele tinha acabado de sair de um ensolorado campo de golfe, o
executivo entra no Four Seasons Beverly Wilshire para mais uma sessão de
foto com seu harem de Beverly Hills. Cohen tem uma personalidade que
faz com que ele pareça mais um melhor amigo do que um chefe -- isso é,
quando ele não está grudando no seu Blackberry, tweetando para seus
570,000 seguidores.
"Eu tenho uma profunda responsabilidade por essas mulheres", ele diz. "E
eu a levo muito a sério". Um estrategista chave que ajudou Berwick a
redefinir o canal Bravo, Cohen, que até recentemente serviu como o VP
Executivo de Programação e Desenvolvimento, cresceu em St. Louis e
trabalhou como o dançarino dos B-52s por alguns anos, sonhando em se
tornar um performer ele mesmo. Mas ele acabou sendo atraído pelo mundo da produção, onde trabalhou por 10 anos como produtor de segmentos do The Early Show e cinco anos como o VP de Programação do agora defunto TRIO Network, até que Berwick o levou com ela para Bravo em 2005.
Foi a
personalidade dele -- extravagante, estilosa, perspicaz, abertamente gay
e irreverente -- que deu o tom para algum dos maiores sucessos do
canal, incluindo o seu breakout Queeer Eye. Ele é um componente crítico para o sucesso de Housewives e ele próprio se descreve como um "super fã" da franquia.
E durante a crise mais séria da rede até hoje, o suicídio de Armstrong, Cohen estava entre alguns dos crucial players que
determinariam como Housewives iria prosseguir. Quando a notícia de que o
homem de 47 anos, pai de três filhos, tinha se enforcado, o pânico não
foi só entre a Bravo e a NBCUniversal mas entre toda a indústria de
reality television. Nos dias que procederam, até alguns membros do
elenco apoiaram o cancelamento da segunda temporada, de acordo com um
produtor.
A trupe original de New Jersey |
"Foram
horas de discussão", Cohen revela. "No final, nós decidimos capturar o
que tinha acontecido da maneira mais sensível possível". Na atual
temporada, Armstrong é acusado de violência doméstica e é expulso de uma
festa na casa de Kyle Richards e seu marido, Mauricio. Com o final da
temporada se aproximando (23 de janeiro), insiders afirmam que é bastante improvável que o programa mencione a morte de Russel novamente.
Isso é
só um dos problemas com que Cohen teve que lidar. Camille Grammer
embarcou num divórcio público com seu marido, a lenda dos sitcoms Kelsey
Gremmer, durante a primeira temporada de Beverly Hills, enquanto a nova
adição do programa, Brandi Glanville (ex-esposa do ator Eddie Cibrian)
já anunciou os planos de anular seu casamento de ano novo com seu
empresário Darin Harvey. No final das contas, a franquia já viu 10
casamentos se destruirem, dois pedidos de falência, incontáveis
conflitos físicos, várias batalhas legais, pelo menos um embargo -- e, é
claro, um suicídio.
"Olha, essa franquia é a documentação de um período na vida dessas
pessoas", afirma Cohen. "Todas essas mulheres tem histórias para contar e
algumas estão lidando com assuntos pessoais bem pesados".
Esse
mês, o programa de Conhen, Watch What Happens Live, será expandido para
cinco vezes por semana, concorrendo diretamente com os gigantes do latenight como
David Letterman, Jimmy Fallon e Jon Stewart. Para isso ser possível,
Cohen aceitou reduzir o seu papel dentro da corporativa Bravo -- e ira
equilibrar suas funções como executivo com seu hosting gig e escrever sua autobiografia (pelo qual ele recebeu um adiantamento de sete digitos em agosto).
Agora,
na Royal Suite do hotel, o executivo veste um traje de gala Ralph
Lauren e para de tweetar momentaneamente para posar com o cachorrinho
lulu de pomerânia de Lisa Vunderpump (o cachorrinho, Giggy, tem 42 mil
seguidores no Twitter). Glanville senta sozinha, fingindo ignorar os
comentários maldosos vindo da direção de Vanderpump. "Uma das garotas me
perguntou o que eu achava da Brandi", Lisa sussura alto para Kyle
Richards, que procura um vestido no armário. "E eu disse, 'Quem?!". As
duas caem na gargalhada.
São essas facetas do comportamento feminino -- o bom, o ruim e o feio -- que catapultou um programa experimental sobre mulheres de Orange County para um fenômeno da cultura pop com uma audiência global.
São essas facetas do comportamento feminino -- o bom, o ruim e o feio -- que catapultou um programa experimental sobre mulheres de Orange County para um fenômeno da cultura pop com uma audiência global.
"É
diversão na sua forma mais pura", insiste Cohen. "É como comer uma
tigela de pipoca sem caloria; é fofoca sem glúten. Você pode assistir,
comentar com suas amigas e, no final das contas, o programa faz você auto-refletir e se sentir melhor sobre sua vida".
The Real Housewives of Atlanta - deveria passar num canal aberto nos países quintos terceiros mundos brasil américa latina áfrica etc
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