Shakira; Mylene Farmer e Justin Bieber: os grandes homenageados da noite |
Em geral, os posts nesse blog são a relacionados a cultura pop dos EUA e do Reino Unido mas a verdade é que me interesso por tudo, da Argentina ao Japão. Eu comento mais os assuntos anglo-saxônicos porque acho que tem maior alcance e falo pouco do Brasil não porque esnobo a ~~cultura nacional mas porque, né? A essa altura, quem já não sabe que "Ai Se Eu Te Pego" é um mega sucesso na Europa, etc? Não quero ser repetitivo ou dar notícias super atrasadas (o que acaba acontecendo pois sou super lerdo para atualizar).
Mas enfim, o fato é, vou tentar diversificar o leque de países vez ou outra porque acho curioso e é interessante ver o que tá rolando fora dos lugares mais óbvios, não é mesmo? Então, hoje vou comentar o NRJ Music Awards, a principal premiação musical francesa que aconteceu no dia 30 de janeiro, segunda-feira.
O NRJ Music Awards é um evento anual que acontece faz 12 anos, em Cannes, e é uma colaboração entre a NRJ, a principal emissora de rádio francesa, com a TF1, a emissora mais assistida. Os fãs votam online para seus favoritos, os principais artistas vão lá para cantar, etc. etc. Sinceramente, não é a melhor premiação nem a mais bem produzida mas é bem feitinha e dá para ter uma visão geral da música francesa ao longo do ano anterior.
A França não é um mercado para se esnobar, afinal é um país super rico e tem o quinto maior mercado fonográfico do mundo, depois dos EUA, do Japão, do Reino Unido e da Alemanha. Então, o programa consegue uma line-up bastante boazinha, com um bom equilíbrio entre artistas internacionais e nacionais. Britney, Beyoncé, Rihanna... todo mundo já fez uma apresentaçãozinha na premiação ao longo da última década.
E ainda tem o fato da NRJ ter uma puta importância na França, afinal é a emissora de rádio top 40 mais ouvida do país. Por tanto, estar na playlist da emissora é importantissimo para qualquer artista que queira se estabelecer no país. Uma visitinha a estração para uma entrevista é uma parada mais que obrigatória para qualquer artista que vá promover por Paris.
Por outro lado, o NRJ Music Awards tem uma desvantagem: ele acontece no final de janeiro, pouquíssimas semanas antes do Grammy. Ou seja, muitos dos artistas de primeiro escalão esnobam a premiação por ter exclusividade com a premiação americana. Adele, por exemplo, fará seu grande retorno aos palcos no evento estado-unidense (e logo depois no BRIT Awards em Londres) e, por isso, sua aparição na premiação francesa não seria possível apesar dela ter sido, de longe, a artista que mais vendeu no país ao longo de 2011.
Além disso, o NRJ Music Awards não é o retrato mais fiel da música francesa, obviamente. Afinal, é votado por fãs então é óbvio que, na maior parte dos casos, artistas cheios de fãs pré-adolescentes xiitas vão ter vantagem. Shy'M e M. Pokora não são os cantores mais populares do país, muito menos os com maior prestígio mas tem uma fanbase dedicada o suficiente para votar neles nonstop.
Ah, também tem o fato do NRJ não representar muito bem um dos gêneros mais populares da França: o rap/hip-hop. O principal motivo para isso é o fato da principal concorrente deles ser a Skyrock, uma rádio exclusivamente de música urbana que, na região metropolitana de Paris, ultrapassa eles em ouvintes. Por isso, os rappers mais populares da França não dão muita bola para NRJ e, além disso, o grupo urban mais popular do país em 2011, Sexion D'Assaut, foi banido da emissora depois de alguns comentários homofóbicos, o que vetou qualquer aparição deles em eventos relacionados a marca.
Mas enfim, vamos a premiação. Assim como em 2011, quem mais brilhou foi Shakira que agora é praticamente uma francesa. Ela abriu a apresentação com Je L'Aime A Mourir, sua versão do clássico de Francis Cabrel (uma espécie de Roberto Carlos francês) que está a sete semanas em primeiro lugar no país. Depois, recebeu das mãos de Johnny Hallyday, o maior nome da história da indústria fonográfica francesa, um prêmio especial pelo seus anos excepcionais de sucesso.
Pois é, Shakira está mesmo com TUDO na França.Os franceses sempre amaram essa coisa meio latina exótica (J.Lo; Pitbull; Ricky Martin; Enrique Iglesias... toda essa galera é/foi super popular por lá) mas a longevidade da colombiana é impressionante. Não só seu álbum, Sale El Sol, vendeu 500 mil unidades (apesar de ser inteiramente em espanhol), ela ainda fez uma bem sucedida turnê pela França e Waka Waka, sua música para a Copa, vendeu 500 mil unidades, se tornando o single mais bem sucedido no país desde 2005.
Não
a toa, durante o seu discurso de agradecimento (em francês! Ela é
fluente nisso também!) ela agradeceu ao país por abraça-la "como uma
nativa". Para vocês terem noção, ela também abriu a premiação no ano passado cantando nada mais nada menos que o HINO NACIONAL FRANCÊS, La Marseillaise.
Enfim, Shakira é uma das artistas pop mais talentosas e essa capacidade de mudar de etnia/nacionalidade de acordo com as necessidades do mercado não deixa de ser mais um talento bem impressionante da (ex?) colombiana no mundo massacrantemente capitalista dos dias de hoje, não é mesmo?
A maior ausência do programa foi, sem duvida nenhuma Adele. 21 foi o único álbum a ultrapassar 1 milhão de unidades vendidas na França ao longo de 2011 e Rollin' in the Deep vendeu 271 mil unidades, sendo o segundo single que mais vendeu no país ao longo do ano passado (e Someone Like You foi o quarto). A londrina ganhou Revelação Internacional do Ano e Melhor Canção Internacional (por Someone Like You) mas ela está ensaiando para seu triunfal retorno nos Grammys e no BRIT e não deu as caras na cerimônia em Cannes para pegar seus premiozinhos. Rihanna, que também teve um ótimo ano na França em 2011 (foi a cantora internacional mais bem sucedida depois de Adele, vendendo quase 400 mil unidades de Loud), também não estava presente apesar de ter ganho Cantora Internacional. Assim como Adele, a caribenha está se preparando para se apresentar nas principais premiações dos EUA (onde cantará em dueto com Coldplay) e do Reino Unido.
Alias, o único ato que furou o bloqueio dos Grammys e dos BRIT foi o Coldplay. Apesar deles estarem booked tanto para a premiação americana quanto para a britânica, a banda ainda arranjou tempo de fazer uma participaçãozinha na cerimônia francesa onde cantou Paradise. Alias, levando em conta o tamanho do grupo no mundo inteiro e o status gigantescos que eles têm, foi meio estranho como eles foram meio esnobados no programa: cantaram no meio da premiação, sem nenhum fanfare e não levaram nenhum premiozinho para casa. Achei humilde porque eles bem podiam ter feito umas demanadas de diva em troca da aparição, como Justin Bieber e seu management fizeram.
Biebs não tinha single ou álbum para promover e não estava concorrendo a nada mas a presença dele claramente era importante o suficiente para a TF1 e a NRJ inventarem um prêmio aleatório para dar para ele (NRJ Music Awards de honra depois de longuíssimos três anos de sucesso) e usar a chegada dele no tapete vermelho como a abertura do programa.
Biebs não tinha single ou álbum para promover e não estava concorrendo a nada mas a presença dele claramente era importante o suficiente para a TF1 e a NRJ inventarem um prêmio aleatório para dar para ele (NRJ Music Awards de honra depois de longuíssimos três anos de sucesso) e usar a chegada dele no tapete vermelho como a abertura do programa.
Além de Adele, os grandes vencedores internacionais da noite foram os garotos do LMFAO. E, diferente da britânica, eles foram até Cannes. Ou melhor, SkyBlu foi, já que seu parceiro, RedFoo, estava doente. Mesmo desfalcado, LMFAO foi responsável pela melhor apresentação na noite, um divertido medley de Party Rock Anthem com Sexy and I Know It. E eles ainda levaram o premio de melhor banda ou duo internacional e de melhor clipe.
Alias, Party Rock Anthem foi a música oficial da premiação, o que faz todo sentido uma vez que foi o single que mais vendeu na França ao longo de 2011 (265 mil unidades). By the way, é interessante como o mercado de singles franceses está fraquissimo quando comparado com o Reino Unido (um país de população similar): apenas 27 singles ultrapassaram 100 mil unidades comercializadas, um enorme contraste com os 187 que chegaram a marca nas terras da rainha. Resultados péssimos quando comparados com as vendas super estáveis de singles no país nos anos 90 mas, é verdade, um número melhor do que 99% do planeta (a França é apenas um dos 5 países onde uma quantidade razoável de música ultrapassa 100 mil unidades). Diferente do Reino Unido, a França tem se mostrado lenta para abraçar o mercado digital e, desde que os singles físicos pararam de ser distribuídos, o país teve uma queda imensa em vendas de músicas.
Alias, Party Rock Anthem foi a música oficial da premiação, o que faz todo sentido uma vez que foi o single que mais vendeu na França ao longo de 2011 (265 mil unidades). By the way, é interessante como o mercado de singles franceses está fraquissimo quando comparado com o Reino Unido (um país de população similar): apenas 27 singles ultrapassaram 100 mil unidades comercializadas, um enorme contraste com os 187 que chegaram a marca nas terras da rainha. Resultados péssimos quando comparados com as vendas super estáveis de singles no país nos anos 90 mas, é verdade, um número melhor do que 99% do planeta (a França é apenas um dos 5 países onde uma quantidade razoável de música ultrapassa 100 mil unidades). Diferente do Reino Unido, a França tem se mostrado lenta para abraçar o mercado digital e, desde que os singles físicos pararam de ser distribuídos, o país teve uma queda imensa em vendas de músicas.
Além de Coldplay, Shakira, Biebes e LMFAO, os outros artistas internacionais que participaram da premiação foram Pitbull, Seal e Mika.
Alias, é discutível o quão "internacional" Mika é, não é mesmo? Ele é outro que soube se adaptar as necessidades do mercado. O seu primeiro álbum foi um giga sucesso global e foi particularmente grande no Reino Unido, seu país de origem, e na França, onde foi um verdadeiro fenômeno de vendas com mais de 1.5 milhão de cópias. Por outro lado, seu segundo CD foi um relativo fracasso no UK e daí, aproveitando que amavam muito ele na França e ele era fluente em francês (Mika nasceu no Libano, passou a infância em Paris e estudou em colégio francês em Londres), ele se relançou como um artista local com o single (bastante bom, é verdade) Elle Me Dit. E parece ter dado certo, levando em conta que a música alcançou o topo das paradas no país e ele recebeu o trofeu de Melhor Cantor Internacional (sendo que a UNICA coisa que ele fez em 2011 foi lançar esse single).
Os concorrentes de "Melhor Cantor Internacional" alias eram hilariamente franceses. Além de Mika, tinhamos Enrique Iglesias; Sean Paul (sim, Sean Paul ainda é popular por lá) e Pitbull. Ilustrando bastante bem esse amor que eles tem por "exoticidade/"latinocidade", né?.
Seal é outro que o mundo mais ou menos esqueceu (menos quando ele se casa/tem filhos/se divorcia da Heidi Klum) mas a França ainda ama. Ele estava lá promovendo Soul II, follow-up do seu bem-sucedido álbum de cover de grandes sucessos soul que teve mais de 1 milhão de unidades comercializadas na França entre 2008 e 2009. Ele cantou em dueto com Nolween Leroy, uma artista local de grande sucesso.
Os concorrentes de "Melhor Cantor Internacional" alias eram hilariamente franceses. Além de Mika, tinhamos Enrique Iglesias; Sean Paul (sim, Sean Paul ainda é popular por lá) e Pitbull. Ilustrando bastante bem esse amor que eles tem por "exoticidade/"latinocidade", né?.
Seal é outro que o mundo mais ou menos esqueceu (menos quando ele se casa/tem filhos/se divorcia da Heidi Klum) mas a França ainda ama. Ele estava lá promovendo Soul II, follow-up do seu bem-sucedido álbum de cover de grandes sucessos soul que teve mais de 1 milhão de unidades comercializadas na França entre 2008 e 2009. Ele cantou em dueto com Nolween Leroy, uma artista local de grande sucesso.
David Guetta, o maior export francês dos últimos anos, também estava presente para apresentar Titanium, o seu single atual (que, alias, está arrasando na Europa e já atingiu o topo no Reino Unido).
Ao invés da australiana Sia, que curiosamente se recusa em aparecer na TV, ele contou com os vocais da britânica Emeli Sander, a
grande esperança da indústria fonográfica britânica para 2012.
Entre os nomes locais, as grandes
participações foram o já mencionado Johnny Hallyday que, além de entregar o prêmio da Shakira, cantou um medley de seus grandes sucessos (e é bizarro como ele parece um boneco Ken velho derretido mas os franceses o amam anyway); Christophe Mae, um cantor local que gozou de
enorme popularidade nos últimos anos e
Mylene Farmer, a Madonna francesa.
Mylene é a cantora de maior
sucesso da história da França, com mais de 10 milhões de CDs vendidos.
Seus clipes são sempre espetaculares e seus shows batem recordes de
vendas (ela vendeu 200 mil ingressos para seus dois shows no Stade de
France em Paris em menos de 1 hora em 2009) mas ela tem uma imagem
envolta em mistério e quase nunca aparece na televisão. De fato, o NRJ
Music Awards foi a terceira aparição dela na TV nos últimos três anos
(uma das outras três foi no NRJ Music Awards de 2011).
Porém, apesar de todo o renome, a apresentação de Mylene foi bem morninha. Ela cantou em playback descarado e dançou bem desempolgada ao som de Du Temps, seu atual single.
Depois, ela recebeu, das mãos do renomado estilista Jean Paul Gaultier
(seu amigo intimo), o prêmio NRJ de Diamante, como a artista que mais
recebeu prêmios na história da cerimônia e maior vendedora das últimas
duas décadas.
Alias, parênteses, mas na minha singela opinião a música pop francesa atual é BEM ruim. Eu até curto Mylene mas, em sua maioria, os franceses curtem músicas bem morninhas e sem graça. E, por isso, fiquei meio entediado durante a maior parte das apresentações dos atos locais.
Os dois maiores ganhadores foram Shy'M, que levou Melhor Cantora, e M. Pokora, ganhador de Música do Ano (A Nos Acte a Manque) e Melhor Cantor. Shy'M é uma Rihanna wannabe que, na minha opinião, está mais para Nicole Scherzinger enquanto M. Pokora tenta copiar o estilo do Justin Timberlake (mas o single dele de grande sucesso do ano passado foi uma tentativa, bem sucedida até, de ir no sucesso da Shakira e dessas músicas com vibe latina. Alias, a apresentação dele foi toda uma sintêse do cenário pop francês - tirem suas próprias conclusões abaixo).
Os dois se apresentaram diversas vezes ao longo do programa. Primeiro com seus sucessos solos e depois como parte do supergrupo ParisAfrica (formado por vários artistas locais) que lançou o single Des ricochet em prol a UNICEF . M. Pokora ainda cantou em dueto com Pitbull (fazendo a parte de Chris Brown em International Love).
Nolwenn Leroy, artista local que vendeu horrores em 2011, não levou nenhum dos prêmios que concorria para casa mas a NRJ acobertou a injustiça dando a ela um trofeu especial por ser a francesa que mais vendeu no ano anterior. Ela também cantou duas vezes: seu sucesso solo Tris Martolod e o já mencionado dueto com Seal.
Nolwenn ficou famosa na França ao vencer a segunda edição do Star Academy (o "Fama" francês) faz 10 anos. Depois de um começo super bem sucedido, a carreira dela desinflou um pouco e tudo indicava que ela ia cair na decadência destinada a ganhadores de reality de talento mas ela deu a volta por cima ao lançar Bretonne, um álbum com músicas inspiradas na região de Bretanha (onde ela nasceu). O CD vendeu mais de 700 mil unidades desde seu lançamento.
Musicais teatros são um grande business na França. Em meados dos anos 90, uma versão de O Corcunda de Notre Dame (Notre-Dame de Paris) atraiu milhões de espectadores; vendeu quase 2 milhões de CD e deu origem a um single, Belle, que ultrapassou 1.5 milhão de unidades vendidas e foi o maior sucesso da década. Além disso, muitos dos integrantes do elenco emplacaram bem sucedidas carreiras pop. Esse é só um exemplo de um dos muitos musicais que lançaram estrelas, venderam discos e singles e atraíram milhões para teatros e arenas (o caso mais recente foi Mozart L'Opera Rock e, em 2006, o CD mais vendido foi a trilha de Le Roi Soleil que, alias, revelou o já mencionado Christophe Mae, hoje um dos cantores solos mais amados no país).
Não a toa, a emissora NRJ sempre promove pesadamente algum musical e sempre dedica um espaço na premiação para alguma aposta. O grande investimento deles para 2012 é 1789, Les amants de la Bastille e o elenco apresentou o primeiro single do espetáculo, Ça ira mon amour.
Vários atos locais ainda fizeram uma homenagem a Michel Berger marcando dez anos desde sua morte cantando Quelques Mots D'Amour. Além disso, a personalidade televisiva, cantora e imitadora Véronice Dicaro fez um medley com sucessos de Adele, Rihanna e Lady Gaga, as três artistas que a NRJ provavelmente tentou conseguir a qualquer custo trazer mas não teve sucesso.
O grande prêmio da noite é "Canção do Ano" e todos os concorrentes se apresentaram ao vivo. Além dos já mencionados Matt Pokora (o vencedor); Nelwenn Leroy e Mika, também cantaram Mickael Miro com seu sucesso L'Horloge Tourné e Elisa Tovati e Tom Dice com Il Nous Faut.
Tirando Nolwenn (que foi indicado pelo sucesso de seu álbum, não de seu single), todas as músicas tiveram sucesso bastante grande na França ao longo do ano anterior e venderam acima de 90 mil unidades. Porém, é interessante notar que os três dos quatro singles francofônos que mais venderam ao longo de 2011 (Celui de Colonel Reyel; Chéri Coco do Magic System com Soprano e J'Aimerais Trop de Keen'V) não foram indicados (apesar de Keen'V ter levado Revelação Masculina e Magic System terem sido indicados a Melhor Grupo). Dentre os indicados, Mika foi o que mais vendeu o single e Nolwenn a que mais vendeu CDs mas foi M. Pokora, com sua trupe de fãs jovens com tempo livre para votar, que levou o prêmio.
A produção do programa é bastante boa mas não espetacular. Eles mantém os mesmos gráficos e um cenário similar faz anos (apesar de que o telão gigantesco de alta definição é uma boa tática) mas o que realmente me incomoda são os efeitos gráficos horrorosos que eles usaram para os apresentadores (só gente estilo ex-Big Brother; a Miss França e um monte de comediante promovendo suas obras teatrais/shows de stand-up) que é de uma cafoníce estilo RedeTV!. O programa durou mais de 2 horas mas atraiu quase 7 milhões de espectadores e um share de mais de 30% (e mais de 45% entre menores de 50 anos), provando que a premiação ainda é um evento televisivo ainda bastante importante. Apesar de ser longo, ele é mais dinâmico do que os Grammys, por exemplo, que parece se estender por toda eternidade com sua infinidade de prêmios e homenagens.
E o que vendeu na França ao longo de 2011?
Para variar um pouco, Adele foi a grande vendedora no país. Seu álbum, 21, ultrapassou 1 milhão de unidades e ela foi responsável por duas das cinco músicas mais vendidas do ano. Adele foi a unica a alcançar o milhão e apenas três outros discos ultrapassaram 300 mil unidades mas, no total, 48 artistas venderam mais de 100 mil unidades de seus lançamentos, um resultado decente. 68 chegaram a 70 mil e 89 CDs ultrapassaram 50 mil unidades.
Como já mencionado, Nolwenn Leroy com Bretonne, seu álbum inspirado na região em que ela nasceu, foi o segundo maior vendedor, com 570 mil unidades vendidas ao longo de 2011 e um total de 715 mil. Depois dela, com 430 mil cópias, está Les Enfoires, um CD anual em prol a caridade onde um enorme grupo de personalidade francesas faz covers de canções famosas seguida por Les Prêtres, um trio de padres que cantam música clássica (zzzzzzzzzzzzzzzz) e que venderam 370 mil unidades de seu segundo álbum, Gloria (se você acha que isso é deprimente, keep in mind que o CD anterior deles, Spiritus Dei, vendeu 1 milhão e que o Padre Marcelo Rossi é o maior vendedor do Brasil).
Encerrando o top 5, temos os Black Eyed Peas que venderam 300 mil unidades de seu álbum The Beginning para um total cumulativo de 450 mil cópias. Depois da onipresença dos BEP durante 2009 com I Gotta Feeling e The E.N.D., o CD seguinte deles foi um relativo fracasso a nível mundial mas manteve o sucesso do antecessor na França, mercado mais lucrativo para o grupo. Para promover o CD, eles se apresentaram em diversos programas da TV local e visitaram as principais estações de rádio além de terem feito três enormes concertos no Stade de France em Paris com quase 300 mil ingressos vendidos.
A grande revelação de 2010, Zaz continuou com boas vendas em 2011 movendo 285 mil unidades de seu álbum homônimo elevando o total para 660 mil cópias. Depois, a banda britânica Coldplay vendeu 253 mil de Mylo Xyloto em pouco mais de um mês seguido de perto pelas 246 mil unidades de Nothing But the Beat de David Guetta, o produtor superstar do momento e principal export francês da área musical dos últimos anos. Com 216 mil unidades, Rihanna ocupa a oitava posição com Loud, seguido pelo top DJ e superstar local David Guetta (Nothing But the Beat, 245 mil) e o artista local Gérard Lenormam encerra o top 10 com Duos de mes chansons (215 mil).
Dentre os 15 CDs internacionais que ultrapassaram 100 mil unidades, dois eram álbuns póstumos: Alone in IZ World de Israel Kamakawiwo 'olé (170 mil de um total de 211 mil impulsionado pelo enorme sucesso de Over the Rainbow) e Lioness Hidden Treasure de Amy Winehouse (162 mil).
Outros artistas internacionais que ultrapassaram as 100 mil unidades com seus CDs incluíram Shakira (200 mil de Sale el Sol; total: 500 mil); Lady Gaga (165 mil de Born this Way + 75 mil (de um total de 615 mil) de The Fame); Hugh Laurie (o protagonista de House vendeu 130 mil do seu CD de blues Let Them Talk); LMFAO (118 mil do álbum de lançamento deles, Sorry for Party Rocking); Seal (116 mil de Soul II); Bruno Mars (115 mil de Doo-wops & Hooligans); Rihanna (115 mil de Talk That Talk além dos 216 mil de Loud) e Katy Perry (104 mil para um total de 180 mil de Teenage Dream). Entre compilações, NRJ Music Awards 2011 (com os grandes sucessos dos indicados a premiação do ano passado); NRJ Summer Hit Only (com sucessos dance do verão) e NRJ Extravadance foram os maiores vendedores com 200 mil; 150 mil e 141 mil respectivamente, comprovado o poder da marca de rádio.
Já entre singles, as vendas continuam lenta com a França ainda sendo resistente para abraçar o mercado digital. Apenas 28 músicas ultrapassaram 100 mil unidades e 38 chegaram a 90 mil. Dessas 38, apenas 10 eram em francês.
Adele, os Black Eyed Peas, Pitbull, Rihanna e David Guetta foram os maiores vendedores de single enquanto Colonel Reyel foi o que mais vendeu entre os artistas que cantam em francês.
Top 10 singles: 1. Party Rock Anthem - LMFAO (265 mil); 2. Rollin' in the Deep - Adele (240 mil); 3. Over the Rainbow - Israel Kamakawiwo'ole (225 mil/total: 300 mil); 4. Someone Like You - Adele (201 mil); 5. Give Me Everything (ft. Ne-Yo) - Pitbull (170 mil); 6. Elle Me Dit - Mika (166 mil); 7. On the Floor - Jennifer Lopez (166 mil); 8. Man Down - Rihanna (159 mil); 9. Just Can't Get Enough - Black Eyed Peas (158 mil); 10. Sweat - David Guetta x Snoop Dogg (157 mil)
Top 10 singles francofônos: 1. Elle Me Dit - Mika (166 mil); 2. Celui - Colonel Reyel (152 mil); 3. Coco Cheri - Magic System & Soprano (144 mil); 5. J'Aimerais Trop - Keen'V (126 mil); 6. Il Nous Faut - Elisa Tovati & Tom Dice (105 mil) ; 7. Logobitombo - Monssieur Tombola (101 mil); 8. A Nos Act Manqué - Matt Pokora (95 mil); 9. L'Horloge Tourne - Mickael Miro (94 mil); 10. Toutes les Nuits - Colonel Reyel (88 mil).
Musicais teatros são um grande business na França. Em meados dos anos 90, uma versão de O Corcunda de Notre Dame (Notre-Dame de Paris) atraiu milhões de espectadores; vendeu quase 2 milhões de CD e deu origem a um single, Belle, que ultrapassou 1.5 milhão de unidades vendidas e foi o maior sucesso da década. Além disso, muitos dos integrantes do elenco emplacaram bem sucedidas carreiras pop. Esse é só um exemplo de um dos muitos musicais que lançaram estrelas, venderam discos e singles e atraíram milhões para teatros e arenas (o caso mais recente foi Mozart L'Opera Rock e, em 2006, o CD mais vendido foi a trilha de Le Roi Soleil que, alias, revelou o já mencionado Christophe Mae, hoje um dos cantores solos mais amados no país).
Não a toa, a emissora NRJ sempre promove pesadamente algum musical e sempre dedica um espaço na premiação para alguma aposta. O grande investimento deles para 2012 é 1789, Les amants de la Bastille e o elenco apresentou o primeiro single do espetáculo, Ça ira mon amour.
Vários atos locais ainda fizeram uma homenagem a Michel Berger marcando dez anos desde sua morte cantando Quelques Mots D'Amour. Além disso, a personalidade televisiva, cantora e imitadora Véronice Dicaro fez um medley com sucessos de Adele, Rihanna e Lady Gaga, as três artistas que a NRJ provavelmente tentou conseguir a qualquer custo trazer mas não teve sucesso.
O grande prêmio da noite é "Canção do Ano" e todos os concorrentes se apresentaram ao vivo. Além dos já mencionados Matt Pokora (o vencedor); Nelwenn Leroy e Mika, também cantaram Mickael Miro com seu sucesso L'Horloge Tourné e Elisa Tovati e Tom Dice com Il Nous Faut.
Tirando Nolwenn (que foi indicado pelo sucesso de seu álbum, não de seu single), todas as músicas tiveram sucesso bastante grande na França ao longo do ano anterior e venderam acima de 90 mil unidades. Porém, é interessante notar que os três dos quatro singles francofônos que mais venderam ao longo de 2011 (Celui de Colonel Reyel; Chéri Coco do Magic System com Soprano e J'Aimerais Trop de Keen'V) não foram indicados (apesar de Keen'V ter levado Revelação Masculina e Magic System terem sido indicados a Melhor Grupo). Dentre os indicados, Mika foi o que mais vendeu o single e Nolwenn a que mais vendeu CDs mas foi M. Pokora, com sua trupe de fãs jovens com tempo livre para votar, que levou o prêmio.
A produção do programa é bastante boa mas não espetacular. Eles mantém os mesmos gráficos e um cenário similar faz anos (apesar de que o telão gigantesco de alta definição é uma boa tática) mas o que realmente me incomoda são os efeitos gráficos horrorosos que eles usaram para os apresentadores (só gente estilo ex-Big Brother; a Miss França e um monte de comediante promovendo suas obras teatrais/shows de stand-up) que é de uma cafoníce estilo RedeTV!. O programa durou mais de 2 horas mas atraiu quase 7 milhões de espectadores e um share de mais de 30% (e mais de 45% entre menores de 50 anos), provando que a premiação ainda é um evento televisivo ainda bastante importante. Apesar de ser longo, ele é mais dinâmico do que os Grammys, por exemplo, que parece se estender por toda eternidade com sua infinidade de prêmios e homenagens.
E o que vendeu na França ao longo de 2011?
Para variar um pouco, Adele foi a grande vendedora no país. Seu álbum, 21, ultrapassou 1 milhão de unidades e ela foi responsável por duas das cinco músicas mais vendidas do ano. Adele foi a unica a alcançar o milhão e apenas três outros discos ultrapassaram 300 mil unidades mas, no total, 48 artistas venderam mais de 100 mil unidades de seus lançamentos, um resultado decente. 68 chegaram a 70 mil e 89 CDs ultrapassaram 50 mil unidades.
Como já mencionado, Nolwenn Leroy com Bretonne, seu álbum inspirado na região em que ela nasceu, foi o segundo maior vendedor, com 570 mil unidades vendidas ao longo de 2011 e um total de 715 mil. Depois dela, com 430 mil cópias, está Les Enfoires, um CD anual em prol a caridade onde um enorme grupo de personalidade francesas faz covers de canções famosas seguida por Les Prêtres, um trio de padres que cantam música clássica (zzzzzzzzzzzzzzzz) e que venderam 370 mil unidades de seu segundo álbum, Gloria (se você acha que isso é deprimente, keep in mind que o CD anterior deles, Spiritus Dei, vendeu 1 milhão e que o Padre Marcelo Rossi é o maior vendedor do Brasil).
Adele e Nolwenn: as grandes vendedoras de 2011 |
Encerrando o top 5, temos os Black Eyed Peas que venderam 300 mil unidades de seu álbum The Beginning para um total cumulativo de 450 mil cópias. Depois da onipresença dos BEP durante 2009 com I Gotta Feeling e The E.N.D., o CD seguinte deles foi um relativo fracasso a nível mundial mas manteve o sucesso do antecessor na França, mercado mais lucrativo para o grupo. Para promover o CD, eles se apresentaram em diversos programas da TV local e visitaram as principais estações de rádio além de terem feito três enormes concertos no Stade de France em Paris com quase 300 mil ingressos vendidos.
A grande revelação de 2010, Zaz continuou com boas vendas em 2011 movendo 285 mil unidades de seu álbum homônimo elevando o total para 660 mil cópias. Depois, a banda britânica Coldplay vendeu 253 mil de Mylo Xyloto em pouco mais de um mês seguido de perto pelas 246 mil unidades de Nothing But the Beat de David Guetta, o produtor superstar do momento e principal export francês da área musical dos últimos anos. Com 216 mil unidades, Rihanna ocupa a oitava posição com Loud, seguido pelo top DJ e superstar local David Guetta (Nothing But the Beat, 245 mil) e o artista local Gérard Lenormam encerra o top 10 com Duos de mes chansons (215 mil).
Dentre os 15 CDs internacionais que ultrapassaram 100 mil unidades, dois eram álbuns póstumos: Alone in IZ World de Israel Kamakawiwo 'olé (170 mil de um total de 211 mil impulsionado pelo enorme sucesso de Over the Rainbow) e Lioness Hidden Treasure de Amy Winehouse (162 mil).
Outros artistas internacionais que ultrapassaram as 100 mil unidades com seus CDs incluíram Shakira (200 mil de Sale el Sol; total: 500 mil); Lady Gaga (165 mil de Born this Way + 75 mil (de um total de 615 mil) de The Fame); Hugh Laurie (o protagonista de House vendeu 130 mil do seu CD de blues Let Them Talk); LMFAO (118 mil do álbum de lançamento deles, Sorry for Party Rocking); Seal (116 mil de Soul II); Bruno Mars (115 mil de Doo-wops & Hooligans); Rihanna (115 mil de Talk That Talk além dos 216 mil de Loud) e Katy Perry (104 mil para um total de 180 mil de Teenage Dream). Entre compilações, NRJ Music Awards 2011 (com os grandes sucessos dos indicados a premiação do ano passado); NRJ Summer Hit Only (com sucessos dance do verão) e NRJ Extravadance foram os maiores vendedores com 200 mil; 150 mil e 141 mil respectivamente, comprovado o poder da marca de rádio.
Já entre singles, as vendas continuam lenta com a França ainda sendo resistente para abraçar o mercado digital. Apenas 28 músicas ultrapassaram 100 mil unidades e 38 chegaram a 90 mil. Dessas 38, apenas 10 eram em francês.
Adele, os Black Eyed Peas, Pitbull, Rihanna e David Guetta foram os maiores vendedores de single enquanto Colonel Reyel foi o que mais vendeu entre os artistas que cantam em francês.
Top 10 singles: 1. Party Rock Anthem - LMFAO (265 mil); 2. Rollin' in the Deep - Adele (240 mil); 3. Over the Rainbow - Israel Kamakawiwo'ole (225 mil/total: 300 mil); 4. Someone Like You - Adele (201 mil); 5. Give Me Everything (ft. Ne-Yo) - Pitbull (170 mil); 6. Elle Me Dit - Mika (166 mil); 7. On the Floor - Jennifer Lopez (166 mil); 8. Man Down - Rihanna (159 mil); 9. Just Can't Get Enough - Black Eyed Peas (158 mil); 10. Sweat - David Guetta x Snoop Dogg (157 mil)
Top 10 singles francofônos: 1. Elle Me Dit - Mika (166 mil); 2. Celui - Colonel Reyel (152 mil); 3. Coco Cheri - Magic System & Soprano (144 mil); 5. J'Aimerais Trop - Keen'V (126 mil); 6. Il Nous Faut - Elisa Tovati & Tom Dice (105 mil) ; 7. Logobitombo - Monssieur Tombola (101 mil); 8. A Nos Act Manqué - Matt Pokora (95 mil); 9. L'Horloge Tourne - Mickael Miro (94 mil); 10. Toutes les Nuits - Colonel Reyel (88 mil).
Nenhum comentário:
Postar um comentário