Depois de anos sendo um pop culture junkie, finalmente resolvi canalizar minhas energias em algo útil (assim, dependendo da sua perspectiva). Esse blog tem, portanto, o objetivo de documentar quem está causando na cultura pop mas não comentando do óbvio e sim antecipando tendências e o que está por vir. E-mail me @ tacausando@gmail.com. Mais sobre a nossa proposta.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Pop Art US: Jon & Kate Gosselin



Não é só o Reino Unido que é obcecado por fofoca. A indústria de revistas e programas de celebridades tem crescido num nível avassalador nos EUA.

E não houve nenhuma estrela maior em 2009 no mundo dos tablóides americanos do que Jon e Kate Gosselin.

Jon e Kate formavam um jovem casal cristão de classe média que vivia uma vida simples numa pequena cidade da Pensilvania. Apesar de já terem tido gêmeas, Kate queria mais filhos e, como estava tendo dificuldades para engravidar, fez um tratamento de fertilização. Ela acabou grávida de sêxtuplos.

O caso chamou atenção da mídia e rapidamente, o casal e seus filhos viraram estrelas do próprio reality show, Jon & Kate + 8. O programa começou a ir ao ar em 2007 no canal a cabo TLC e se tornou um sucesso.

Com a fama, a vida do casal cristão começou a mudar: eles contrataram babás e empregadas, mudaram para uma mansão, Kate fez lipoaspiração, branqueamento nos dentes, colocou silicone e começou a fazer bronzeamento artificial periodicamente, Jon fez implante de cabelo e assim por diante.

Nos últimos episódios da quarta temporada, exibido no comecinho do ano, já era visível que as coisas entre ambos não estavam indo muito bem: Jon não queria mais fazer o programa (tendo dito isso on camera) enquanto Kate queria renovar o contrato a qualquer custo. A vontade dela prevaleceu e ambos assinaram para fazer mais 25 episódios.

Finalmente, aconteceu o que todo mundo já sabia que ia acontecer: o casamento entrou em crise e eles se separam. As revistas de fofoca se deram conta de que o público tinha criado empatia com o casal (uma família cristã, de subúrbio, tipicamente americana) e que matérias sobre eles rendiam muito.

Pronto: Jon e Kate começaram a aparecer, semana após semana, na capa de todos os tabloides.

Inicialmente, o público ficou do lado de Jon, afinal era visível para quem assistia o programa que Kate era controladora, não ouvia o que ele tinha a dizer e volta e meia o forçava a fazer coisas que ele não queria.

Porém, ele começou a trocar de namorada numa velocidade assustadora (volta e meia sem nem comunicar formalmente as moças que ele as havia deixado), a vestir roupas Ed Hardy, a hang out com pessoas como Michael Lohan e a se comportar como um adolescente débil mental. Isso fez com que todo mundo simpatizasse com Kate, que parecia estar sofrendo muito pelo divórcio (afinal, separação não estava nos planos cristãos dela) e estava se portando relativamente bem em comparação.

O público e a imprensa finalmente se decidiram por ficar do lado de Kate. Isso fez com que Jon virasse figurinha fácil em programas de celebridade, tentando se defender da bad press que ele tinha atraído ao mesmo tempo que tentava convencer o mundo que a ex-mulher dele era, na verdade, uma pessoa muito ruim. Kate também começou a dar cada vez mais entrevistas para rebater as acusações e, ao mesmo tempo, se auto promover.

Pronto, não havia nada mais importante na cultura pop estado-unidense do que os dois. Eles monopolizavam absolutamente todas as revistas, programas de televisão e sites de fofoca.

A audiência do reality show também estava cada vez mais alta. Um episódio especial, dedicado ao divórcio dos dois, quebrou recordes de audiência atraindo 10.6 milhões de pessoas, um número nunca antes alcançado pelo TLC e uma das emissões de TV a cabo mais vistas do ano.

Os Gosselin também começaram a ser parodiados em programas humorísticos, como Saturday Night Live, e o estranho corte de cabelo de Kate virou uma sensação, se tornando uma das fantasias mais populares de Halloween (as perucas imitando o penteado já tinham esgotado dois meses antes do Dia das Bruxas).

Porém a superexposição começou a cansar o público, a audiência do programa começou a cair vertiginosamente e a mídia de celebridade passou a dedicar cada vez menos espaço a eles. Depois de 94% dos leitores votarem que estavam cansados de Jon e Kate, o tabloide Life & Style anunciou na capa de uma das edições que a revista estava "completely Gosselin-free" (sem nenhuma menção aos Gosselin).

A cartada final foi quando o TLC anunciou que estava demitindo Jon, cuja imagem estava completamente manchada. O programa viraria então Kate + 8. Jon, que alguns meses antes não queria sequer renovar o contrato, não engoliu a demissão, entrou com um processo e proibiu os filhos de continuarem aparecendo na TV, forçando os executivos do canal a cancelarem o programa.

Desde então, os Gosselin foram deixados um pouco de lado pela imprensa, que resolveu se concentrar em outros assuntos (basicamente Tiger Wood e seus affairs).

No final do ano, a respeitada jornalista Barbara Walters fez o seu já tradicional e prestigioso especial das "pessoas mais fascinantes de 2009". Katie foi escolhida junto com personagens influentes como Lady Gaga, Sara Palin e Michelle Obama.

Tudo indica que, em 2010, eles não serão esquecidos: o ano começou com Kate finalmente mudando seu icônico corte de cabelo e colocando extensões (igualmente horrorosas). O novo visual botou a imprensa novamente em polvorosa e fez com que ela conseguisse a primeira capa do ano da People, o tabloide com a circulação mais alta de todos.

Com pais como esse, minha aposta é que, daqui a alguns anos, os pequenos Gosselin todos terminarão na rehab...

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